quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Feliz Natal!

 Olá!


Queremos apenas desejar um Feliz Natal a todos os nossos seguidores!


quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Conto "O Tabuleiro" venceu!

 Olá a todos!

O conto "O Tabuleiro" venceu o Primeiro Lugar no concurso "Ficção à Brasileira".

Vejam o vídeo e o link dos restantes vencedores logo abaixo:


Restantes vencedores: https://concursosfdh.carrd.co/#three


sábado, 10 de outubro de 2020

Conto "Eva" de J.C. Gray - Resenha

 Foi feita resenha do conto de terror "Eva" da autora brasileira J.C. Gray pelas mãos de Diana Pinto.


Foi na Quarta-Feira, 7 de Outubro, que foi feita resenha do conto "Eva" da autora brasileira J.C. Gray.

Sinopse: Eva acredita que seu marido a está traindo, mas não tinha ideia do quanto confrontá-lo mudaria sua vida para sempre. Assassinada pelo marido, um estranho incomum vai se certificar de que ela tenha a vingança que a Primeira não teve.

Ouça a opinião:



Livro "Através da Janela" de Pietro Silva - Resenha

 Foi feita resenha do primeiro livro do autor brasileiro Pietro Silva, "Através da Janela" pelas mãos de Michele Bran.


Foi no dia 7 de Outubro, Quarta-Feira, que o podcast Na Estante postou a resenha ao primeiro livro do autor Pietro Silva, um livro de horror.

Sinopse: Através da janela, descubra vinte contos de terror inimagináveis e fantásticos, num livro disposto a mostrar o pior e mais complexo nos atos humanos. Assassinatos, revelações, canibalismo, criaturas de outro mundo e até necrofilia, entre e conheça com perplexidade e choque a magia no obscuro e cruel.

Ouça a opinião:



sábado, 12 de setembro de 2020

Conto "O Tabuleiro"

 Olá!

Informações do Conto:
Título: O Tabuleiro
Autor: Rui Martins
Número de Palavras: 1.015 Palavras

Créditos: Fábrica de Histórias


Santa Catarina. 15 horas da tarde. Dois amigos de seus nomes Leandro e Artur tentavam estudar para a sua prova de História. O tema seria a independência do Brasil.
– Juro que não estou entendendo nada disso. – Comentou Leandro.
Leandro estava na biblioteca da escola em frente a Artur. Os dois olhavam para as folhas do caderno sem entenderem nada.
– Não acredito como é que Dom Pedro começou ali a discursar para um bando de nada. – Falou Artur.
Leandro riu. Eles estavam no fundo da biblioteca, onde estava a estante com os livros de literatura policial e de assuntos mais esotéricos. Artur não estava com muita paciência para o estudo e Leandro entendeu isso, pois não conseguia manter o olhar no livro à sua frente. A biblioteca estava um pouco vazia àquela hora e a senhora Adriana estava de costas para eles olhando para o computador. O relógio atrás deles fazia um "tic-tac" ensurdecedor. Leandro olhou atrás de si. Olhou concretamente para uma estante em específico. Artur entendeu.
– O que está procurando?
– Um tabuleiro.
– Um tabuleiro de quê? Os jogos estão lá do outro lado.
– Um tabuleiro de Ouija.
Artur fez um ar de choque.
– Você está louco? O que é que você quer fazer? – Sussurrou.
Leandro se levantou da cadeira e foi pegar o tabuleiro de Ouija na estante onde olhou. Voltou com ela, pousando sobre a mesa. Com o copo de água que o Artur tinha levado com ele, virou ao contrário fazendo pingar algumas gotas sobre a mesa. Artur via tudo, chocado.
– Você não está pensando em fazer o que eu estou pensando.
– E no que você está pensando?
– Você vai fazer o quê? Chamar os espíritos das provas?
– Não, vou chamar o Dom Pedro.
– Vai o quê?! Você está maluco?
– Ninguém melhor do que ele para nos explicar o que aconteceu nessa época aqui. Como ele conseguiu a independência e essas coisas todas.
– E como você vai saber que vai ser o Dom Pedro?
– Vamos tentar.
Artur se virou para trás. A senhora Adriana estava desatenta, perdida ainda com o olhar sobre o seu computador. Ele se virou novamente para Leandro.
– Ela vai entender. – Artur apontou o seu dedo polegar para trás de si. Leandro entendeu.
– Não vai não, ela está ouvindo música. Não viu ainda?
– Como assim?
– Olhe lá o fone. Depois de almoço ela bebe demais e fica só ouvindo música. Nem quer saber dos alunos que entram aqui.
Artur encolheu os ombros e respirou fundo. Eles iriam mesmo fazer aquilo. Sim, Leandro posicionou o copo sobre o tabuleiro. O jogo tinha começado!
Sob o som do "tic-tac" do relógio, Leandro e Artur tentaram contactar com Dom Pedro, imperador do Brasil. Eles colocaram os dedos indicador e médio no tabuleiro e Leandro colocou o copo em cima da letra G. Um espírito foi falar com eles.
– Quantos espíritos há neste lugar? – Sussurrou Leandro.
O copo ficou parado alguns segundos. Artur respirou de alívio. Estava com medo. Leandro não parou de olhar para o copo. Ele se movimentou, finalmente, para susto de Artur. A resposta foi o número 3.
– Algum esteve presente na independência do Brasil?
O copo se movimentou para o sim. Leandro prosseguiu.
– Dom Pedro é um deles?
O copo se movimentou para o sim e de seguida ficou vagueando entre as bordas do tabuleiro. Artur e Leandro se olharam. Pelas regras, quando isso acontece é porque estão falando com um espírito ruim. Dom Pedro era ruim? Artur olhou para o caderno e fez a sua pergunta.
– Nasceu em Outubro?
O copo se moveu para o sim.
– Era alto?
O copo permaneceu no sim.
– Tem um temperamento impulsivo?
O copo continuou no sim. Leandro abanou a cabeça. Não era nada disso que queria perguntar.
– Você adotou as ideias liberais? – Decidiu perguntar, interrompendo Artur.
O copo permaneceu no sim.
– Por que decidiu permanecer no Brasil após 1821?
O copo começou a parar em algumas letras. Eles olharam atentos. "Para ficar próximo dos brasileiros. Eu me sentia bem. A minha família chorou ao voltar para o Brasil".
– Como se tornou imperador?
"Após dar o Grito de Ipiranga, dando a independência do Brasil, eu me coroei".
– Isso foi em que ano?
"1822".
– Por que fez isso?
"A América do Norte já se tinha tornado independente da Inglaterra e nas colónias espanholas da América do Sul já se ansiava a libertação".
– Como o seu pai, Dom João VI, entendeu isso?
"Entendeu bem. Ele me mandou uma carta em 1822 dizendo que ainda se lembra e lembrará sempre do que Vossa Majestade me disse no meu quarto dia antes de partir: Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti que me hás-de respeitar do que para alguns desses aventureiros".
– Era a favor das ideias absolutistas?
O copo parou no sim.
Os dois ainda fizeram algumas perguntas e depois disseram "adeus". Já sabiam tudo.
Saíram da biblioteca e um dia depois foi a prova. Correu muito bem para eles. Um mês depois veio a nota. Vermelha. A professora comentou que haviam feito confusão com Dom Miguel, irmão de Dom Pedro. Aí eles entenderam tudo. Foi o espírito de Dom Miguel quem falou com eles na biblioteca. Ele os havia enganado. Dom Miguel era a favor das ideias absolutistas. Dom Pedro era liberal moderado. Dom Miguel era ruim, foi ruim para o irmão entrando em guerra com ele. Dom Pedro era conhecido por ser bom.
No dia seguinte voltaram à biblioteca e foram tentar falar com o espírito de Dom Miguel. Ele surgiu. A conversa não correu muito bem. Dias depois os dois começaram a ter alucinações e perdas de sentidos. Acabaram sendo socorridos por paramédicos, mas não terminou aí. Leandro acabou matando a senhora Adriana após uma possessão e acabou preso. Já Artur deixou de sair à rua, passando a estudar em casa. Passou a ficar com medo. O espírito tinha se prendido a Artur. E pior do que isso, Artur começou a ter medo de relógios. Medo de ouvir o barulho de relógios. Aquele "tic-tac" do relógio da biblioteca ainda o assombrava.
Maldita prova de História! Os portugueses sempre irão possuí-lo.

"Tic-Tac".

"A Promessa" - Conto

 Olá, Gente!

Deixo aqui a minha participação no desafio dos Contos ambientados no Brasil do Grupo Fábrica de Histórias.

Informações do Conto:
Título: A Promessa
Autor: Ricardo Fernandes
Número de Palavras: 1.010 Palavras
Sinopse: Camila é uma jovem brasileira inconsciente. Sai de casa sem máscara e com a avó doente cardíaca. Ao chegar, sem se aperceber, infeta a avó, matando-a.
OBS: Palavras impróprias.




Brasil. Mês de Junho. 2020. Covid 19. Quinze horas da tarde. Após o almoço. Camila sai de casa sem proteção, ou seja sem máscara. A avó estava sentada no sofá da sala, a ver um pouco de televisão. Ou melhor, a dormitar.
– Avó, eu vou sair. – Diz ela, a passar pela sala.
A avó tosse. Parece incomodada.
– Querida, não vá já.
– Tenho que ir, avó.
– Mas vai onde?
– Tenho que ir ter com uns amigos aí.
– Camila, por favor. Olha o corona.
– Que corona o quê, avó! Isso não existe.
– Olhe lá isso, as pessoas dizem que o corona pode matar. Mata as pessoas idosas, mata pessoas doentes, pessoas com asma, com problema de coração, tem que ter cuidado com essas coisas.
– Que quê, avó. A senhora não ouviu o Presidente?
A avó fez um barulho de descontentamento.
– Esse homem só fala besteira. Ele falou na frente de todo o mundo que tem histórico de atleta e que o corona nunca faria nada com ele.
– Mas é verdade, avó. O Presidente tem razão. O corona não é isso tudo não.
– Querida, o presidente está errado. Já viu os casos lá na Europa?
– Avó, até parece que a senhora não sabe que a Europa tem só lixo. As pessoas não se lavam lá, é tudo um nojo.
A avó fez mais um barulho de descontentamento.
– Camila, por favor, minha filha, isso é tudo mentira. O corona é real sim, olha só tanta gente morrendo, tanta gente perdendo família, amigos, perdendo pais, avós, tios. Isso é verdade.
– Oh, avó, a senhora está acreditando em teorias falsas. Ouça o Presidente. Ele é que tem razão.
– Se vai sair, use a máscara.
– Não vou sair de máscara, avó. O que os meus amigos vão falar?
– Vão falar que você está sendo responsável e se precavendo contra esse vírus, contra esse corona.
– Isso é um absurdo, avó. Eu vou embora.
– Não vá, Camila. Olha lá o corona.
Mas Camila já tinha ido embora de casa. A avó ficou preocupada. Ela não iria trazer o Covid para dentro de casa. Iria?

***

Camila caminhou pelas ruas de São Paulo. Estava ainda chateada com a conversa que teve com a avó. Não era possível que ela pensasse numa coisa daquelas. Um vírus matar pessoas. Que coisa sem noção! Isso não fazia o menor sentido.
Encontrou os amigos perto de um barzinho. Eram quatro.
– E aí? Como vão?
Eles se cumprimentaram com abraços, beijos e apertos de mão. Algumas pessoas ainda passeavam de máscara, mas eram poucas. Eles comentaram sobre isso após Camila pedir uma cerveja ao empregado.
– Vocês já viram isso? Esse povo usando máscara, tapando a boca achando que o vírus vai nos pegar?
Uma amiga riu.
– Esse povo tem fumando umas merdas meio estranhas.
– É mesmo, não é? A minha avó me veio com a história do Presidente estar mentindo. Uma loucura.
– Esse povo está louco! – Falou outro amigo.
– Está mesmo. A gente já viu por aí pessoas parecendo uns extraterrestres, coisa louca. – Comentou Camila.
– A culpa é daqueles chineses, cara. Eles sempre vêem com coisas estranhas para cima da gente. – Falou Andrielly, a mãe solteira do grupo.
– Mas o seu celular é deles. – Comentou Camila.
– Os celulares são bons, não é?! Tipo, assim... Alguma coisa é boa lá.
Os amigos riram.
– A minha tia lá do Rio pegou Covid. – Informou a mais nova do grupo.
– E aí?
– Cara, foi só uma gripezinha. – A jovem encolheu os ombros e riu.
– Está vendo? Tal como o Presidente falou. – Camila riu também.
– Essa gente está se estressando por nada.
Eles ficaram bebendo, fumando e conversando durante algumas horas. Às 19 horas, Camila regressou a casa. A avó estava dormindo com a televisão ligada. Camila chegou tentando não fazer barulho e se apressou para a cozinha para fazer o jantar. Fez uma sopa de canja de galinha. A avó acordou entretanto e pôs a mesa para as duas. Camila preparou as tigelas e colocou duas colheres de sopa para a avó e duas para ela mesma. Sentaram-se, caladas. Camila olhava para a televisão, despreocupada. A avó olhava séria para a neta.
– Como foi a tarde?
– Foi boa.
– Os seus amigos levavam máscara?
– Não, avó. Claro que não.
– Eles não tinham máscara? – A avó parecia triste.
– Não, avó. Isso é tudo uma mentira.
A avó decidiu ficar calada e comeu a sopa em silêncio. Camila nem olhou novamente para avó e voltou a sua atenção para a televisão.

***

Uma semana depois a avó foi para o hospital. Tinha sintomas de tosse, febre, falta de ar e dores no peito. O teste à Covid 19 pôde confirmar a razão. Positivo. A avó apenas resistiu mais uns dias. O coração parou. Camila chorou à porta do hospital e nem pôde ir ao funeral da avó.
Dias depois, Camila foi falar com os amigos no mesmo barzinho. Apenas três amigos estavam presentes.
– O que aconteceu com a Bia? – Beatriz era a mais nova do grupo. Andrielly, era a mãe solteira, tinha ainda Bruno e Isadora, além de Camila.
– Ela está em casa. A tia morreu com o corona. – Respondeu Andrielly, séria.
Camila começou a chorar.
– Gente... Eu falei para a minha avó que o corona não era nada. Nem pude me despedir direito.
Os amigos abraçaram Camila.
– Se vocês quiserem, a minha mãe está criando umas máscaras em casa. – Comentou Bruno.
Camila foi a primeira a afirmar com a cabeça.
– Eu compro. Quando o Covid terminar eu irei ver a minha avó.
Até ao fim deste conto, Camila ainda não pôde visitar a avó. O surto de Covid 19 ainda não tinha terminado no Brasil, na verdade, nem no Brasil e nem no Mundo. No entanto, os hábitos de Camila se alteraram. Ela passou a usar máscara quando saía na rua, começou a cumprimentar os amigos com o cotovelo e ainda tenta manter a promessa que fez à avó. Irá ao cemitério ver ela quando tudo isto terminar. A Camila pode não ter ajudado a avó, pode não ter acreditado nela, mas agora ela sabia: O Covid 19 não era apenas uma gripezinha.

Fim do conto!

terça-feira, 18 de agosto de 2020

"Eva" venceu!

 Olá!

O microconto "Eva" do Ricardo venceu primeiro lugar do concurso dos microcontos. Vejam o selo:


Aproveitem para ouvir o podcast com os vencedores:

E se inscrevam no canal: Fábrica de Histórias

sábado, 25 de julho de 2020

Jornal da Fábrica (Podcast)

Olá a todos!
Venho divulgar o Podcast Jornal da Fábrica, do grupo Fábrica de Histórias.


Lá no Grupo Fábrica de Histórias os moderadores e ADM têm um calendário de datas especiais e a ideia do podcast acabou por surgir.
No dia 20 de Julho começou a proposta nova: Podcast Jornal da Fábrica.

Neste primeiro podcast falaram um pouco do tema personagens femininas que deveríamos odiar (mas amamos).

Aproveitem para fazer um chá, ou café e sintam-se em casa!

Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=-6e6epUU-y8
Spotify: https://open.spotify.com/show/0MtjU5zana9bizEybm3XwN
Soundcloud: https://soundcloud.com/fabrica-de-historias/jornal-da-fabrica-episodio-1?fbclid=IwAR2PlNyTpN8Lsp4hx4muJXKAENVP3K8R4CJVsZjRncdKJS3-geps3wVE4nM
Podbean: https://fabricadehistorias.podbean.com/


sábado, 18 de julho de 2020

"Histórias de Vida" - Conto

Olá, Gente!
Deixo aqui a minha participação no desafio dos Contos do Grupo Fábrica de Histórias.

Informações do Conto:
Título: Histórias de Vida
Autor: Ricardo Fernandes
Número de palavras: 603
Sinopse: As histórias de vida dos nossos avós, quando contadas, deixam-nos muitas coisas. Ao tornarmo-nos pais, ou avós queremos recontar essas histórias como se fossem contos. Alguns sentem-se bem ao recontá-las, não importa que no momento de as ouvirem pela primeira vez tenha sido mais aborrecido. As memórias ficam e temos necessidade de recontá-las. Eu recontei. E vocês?



As histórias de vida dos meus avós era fantástica. A avó Ana e o avô Alfredo conseguiam contar as suas histórias dolorosas de vida com uma serenidade inacreditável. Chegava a ser mágico. Eu era apenas um neto de dez anos a ouvir perto da fogueira totalmente maravilhado. Não importava a história que fosse, eu sempre ficava atento a ouvir, mesmo que fosse um rapaz irrequieto. Havia amor nas palavras deles, mesmo que algumas fossem mais tristes. Muitas vezes, a minha mãe surgia para me buscar, mas eu sentia-me bem em casa dos meus avós. Eles contavam as histórias deles, jogávamos às cartas, aquecíamos com o calor da fogueira. As tardes sombrias de inverno passavam-se bem.
Não havia muita coisa na casa dos avós. Era uma casa humilde. Uma casa de campo. Havia um colchão de palha e café de cafeteira quentinho. Bebia café com leite, afinal era apenas um jovem. Tinham cobertores quentes, só um bastava para aquecer o corpo de alguém. A avó comprava açúcar para o café quente e o avô ia pescar. Eu, às vezes, ia com ele, mas não sabia bem agarrar na cana de pesca. Era forte, mas não tão forte quanto o meu avô. Nunca sabia quando os peixes agarravam a cana. O avô nunca se chateava, nem quando era mais rebelde. Ele sorria. A minha avó ainda colocava um ar sério para mim, advertindo-me, e aí eu parava.
Quando o sol se punha vinha o cheirinho do café e da fogueira, dos avós e do amor que ali havia. Nunca foi preciso tabletes de chocolate, mas ela comprava sempre que eu ia visitá-los. Eu comia com satisfação, mas não era o mais importante para mim. Eu gostava de estar perto deles. Mesmo sem essas coisas que a avó comprava continuava a ser o meu sítio preferido. A avó tinha um cabelo curto e todo branco. O avô tinha barba branca e usava sempre um chapéu quando saía de dia. Não sabia dizer com quem a minha mãe mais se parecia. Ela parecia mais autoritária do que eles. Há uns tempos, ouvi que a minha avó era uma mãe autoritária, mas não conseguia acreditar. Acho que um neto que tenha bons avós nunca acredita que eles já foram pais rigorosos.
Em tempos de pandemia havia sempre alguns dias mais difíceis. Nesses dias as recordações eram normalmente mais fortes, mas eram também essas memórias que os inspiravam a contar-me mais coisas sobre a vida deles. Eu não me importava de ouvir histórias tristes. Um dia haveria de ser velhinho tal como o meu avô, com netos a correr pela casa. Tenciono contar todas estas histórias a eles. A pandemia irá passar e tudo ia ficar bem. Pelo menos, nessa altura pretendo que a pandemia esteja terminada. Tem que terminar.
Os meus avós diziam-me que a fogueira é um espírito. É o espírito dos avós, das almas que foram. Talvez eles se sentissem mais à vontade de me contar as histórias deles ao olharem para ela. Mas isso também não impedia nada. Mesmo sem fogueira, com os dias mais quentes, eles contavam-me as histórias deles também. Ás vezes na sala, sentados no sofá. Havia união, cooperação, amizade. Eles explicavam-me que só através de laços e valores fortes iríamos conseguir ultrapassar as dificuldades, incluindo a pandemia.

***

Às vezes sentado à mesa cheirava-me a café. Sentia o calor da fogueira. Levantava-me e ia até à fogueira. Sentia os meus avós. Eles tinham falecido há sete anos. Hoje casado e a olhar para a barriga da minha mulher sentia-me feliz. Eu iria contar todas as histórias dos meus avós ao meu filho.


Espero que tenham gostado!

Eva - Microconto

Olá, Gente!
Aqui está a minha participação no Desafio do Grupo Fábrica de Histórias.

Informações do Microconto:
Título: Eva
Autor: Ricardo Fernandes
Número de palavras: 90
Baseado na música: Eva - Nightwish

Música:




Eva saiu de casa a correr. Estava apavorada, assombrada. Os pais dela discutiam, achavam-na louca, doente. Comprimidos atrás de comprimidos para a depressão deixavam-na drogada. Mas, nessa noite, ela não olhou para trás. Correu até à ponte e mandou-se dali até à água, imaginando ser uma fada. Ela não era louca só tinha perdido o irmão mais novo para o céu há um ano.
O funeral ocorreu.
– Lamento, a Eva tinha muita dor no coração. – Disse o psiquiatra dela.
Eva era esquizofrénica, diagnosticada há um ano após matar o irmão.


Gostaram?!

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Conto "Penumbra"

Olá!

Informações do Conto:
Título: Penumbra
Autor: Rui Martins
Número de palavras: 530 palavras.

Créditos: Fábrica de Histórias


Amanhece lá fora. O sol desperta sem medos. Irradia de luz e energia tudo ao seu redor. Cá dentro a penumbra. Não quero que amanheça. É só mais um dia. Um dia igual a todos os outros dias. Quando menos esperar chegará o medo. Esse medo que me enrola numa teia de aranha, que me deixa confuso, que me transforma. Sou apenas um corpo que perambula no vazio. Não quero que amanheça, pois não consigo sair à rua. E nem quero que me vejam dentro deste lugar, dentro desta cama. As marcas vincadas no corpo não me assustam, mas as razões delas podem se ouvir nas paredes brancas deste quarto. Essas vozes martelam-me a mente como uma chuva de raios que surge num inverno sombrio e frio. O medo é a minha sombra. Transformou-se na minha sombra porque já não sei o que é viver, por isso, não tenho medo. Degrau a degrau, essa sombra vai-me empurrando para o topo de uma escadaria que me levará ao inferno. Quanto mais subo, menos eu sou. Menos eu estou. Esse medo vai se fundindo em mim como brasa, e ela queima, queima como o inferno que devo ir parar em breve. Talvez mais cedo do que julgo. Ninguém me ouve falar, ninguém me ouve rosnar, há meses que não dou uma única palavra a estes homens e mulheres vestidos de branco. Parecem preocupados, mas eu não estou. Eu estou sereno, sabendo que o medo vem alcançando-me lentamente e levando-me para o purgatório devagarinho até chegar ao inferno sã e salvo. Este medo vem sobrevivendo à custa do meu silêncio. Sou cúmplice do medo. Sou cúmplice do silêncio. Cúmplice porque viro o rosto, fecho os olhos, não penso, não falo, não revelo sentimentos, estou calmo e sereno, ou pareço calmo e sereno. Às vezes, o medo não aparece. Costuma ser um visitante, mas não vem todos os dias. Com certeza tem mais coisas para fazer do que vir ver um velho caquético.
– Como está o senhor António? – Ouço do outro lado. Não respondo. Nunca respondo. Nunca respondi. Não nestes últimos meses.
– Está na mesma. O cancro está a levá-lo lentamente. Não temos muito mais o que fazer. Temos dado mais doses de morfina e tem-se aguentado.
Tossi. Era o único barulho que fazia nestes últimos meses.
Algumas vezes fantasio. Fantasio que o medo não está cá e que do outro lado há um mundo bonito. Mas na terra não fui um bom homem. Não fui um bom pai. Mandei para fora de casa a minha filha que me apareceu aos treze anos grávida. Ela teve que ir para casa de uma vizinha e depois decidiu ir para casa de uma irmã da minha mulher. Acabei por ficar viúvo há dez anos e hoje tenho isto... Este cancro a correr-me por dentro.
Escurece lá fora... A penumbra chega até mim. Hoje... neste momento, eu quero que amanheça. Hoje olhei para o medo. Sorri.
– Estamos a perdê-lo. – Ouvi um homem falar.
Não quero ser mais um estorvo, não quero ficar aqui perdido no meio da estrada. Já vejo o fim dela ao longe. Caminho a passos curtos, mas rápidos. Cheguei ao destino.
Estou na penumbra.


Microconto "Estrela"

Olá!

Informações do Microconto:
Título: Estrela
Autor: Rui Martins.
Número de palavras: 38 palavras.
Baseado na música: Space Bound - Eminem

Música:




Luís deu um tiro na cabeça, após anos de violência psicológica. Morreu sim, mas era uma morte boa porque a recebia dela. Virou uma estrela para puder guiar a amada durante todo o caminho que ela quisesse percorrer.

domingo, 5 de julho de 2020

Desafios Literários Conto e Microconto

Boa tarde!
A Diana é moderadora do grupo Fábrica de Histórias e temos dois desafios novos.



1) Um microconto songfic = pensando que temos o dia do rock a meio do mês, devemos escrever um microconto de até 500 palavras baseado em qualquer música que a gente goste, de qualquer estilo.
Não é para colocar o trecho de música no meio da história em separado. O trecho pode aparecer como epígrafe, mas devemos nos basear na letra para escrever a nossa história.



2) Um conto com protagonista idoso = podemos fazer um conto de 500 a 6.000 mil palavras sobre personagens que já estejam na terceira idade, relembrando que os dia dos avós é no fim do mês.


Regras:
1) Você pode participar dos dois desafios com quantas histórias quiser, mas só será premiado(a) com uma.
2) Respeite o tema e o limite de cada proposta;
3) Respeite as regras da plataforma em que postar sua(s) história(s); aceitarão histórias publicadas em todos os sites, incluindo blogs e sites pessoais.
4) Prazo de inscrições: 04 de Julho a 31 de Julho de 2020.
5) A história pode estar dividida em capítulos (no caso dos contos) desde que não ultrapasse o limite máximo e esteja marcada como concluída no dia 31.
6) A moderação do grupo pode participar, mas apenas para incentivar a comunidade. Nenhum admin ou moderador será premiado.

Premiação:
Selos de primeiro, segundo e terceiro lugares para cada proposta e divulgação especial no grupo e na página.


A página do grupo: Página Fábrica de Histórias

OBS: Pelo menos duas pessoas aqui da equipe vai participar e deixar a sua participação!