sábado, 25 de julho de 2020

Jornal da Fábrica (Podcast)

Olá a todos!
Venho divulgar o Podcast Jornal da Fábrica, do grupo Fábrica de Histórias.


Lá no Grupo Fábrica de Histórias os moderadores e ADM têm um calendário de datas especiais e a ideia do podcast acabou por surgir.
No dia 20 de Julho começou a proposta nova: Podcast Jornal da Fábrica.

Neste primeiro podcast falaram um pouco do tema personagens femininas que deveríamos odiar (mas amamos).

Aproveitem para fazer um chá, ou café e sintam-se em casa!

Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=-6e6epUU-y8
Spotify: https://open.spotify.com/show/0MtjU5zana9bizEybm3XwN
Soundcloud: https://soundcloud.com/fabrica-de-historias/jornal-da-fabrica-episodio-1?fbclid=IwAR2PlNyTpN8Lsp4hx4muJXKAENVP3K8R4CJVsZjRncdKJS3-geps3wVE4nM
Podbean: https://fabricadehistorias.podbean.com/


sábado, 18 de julho de 2020

"Histórias de Vida" - Conto

Olá, Gente!
Deixo aqui a minha participação no desafio dos Contos do Grupo Fábrica de Histórias.

Informações do Conto:
Título: Histórias de Vida
Autor: Ricardo Fernandes
Número de palavras: 603
Sinopse: As histórias de vida dos nossos avós, quando contadas, deixam-nos muitas coisas. Ao tornarmo-nos pais, ou avós queremos recontar essas histórias como se fossem contos. Alguns sentem-se bem ao recontá-las, não importa que no momento de as ouvirem pela primeira vez tenha sido mais aborrecido. As memórias ficam e temos necessidade de recontá-las. Eu recontei. E vocês?



As histórias de vida dos meus avós era fantástica. A avó Ana e o avô Alfredo conseguiam contar as suas histórias dolorosas de vida com uma serenidade inacreditável. Chegava a ser mágico. Eu era apenas um neto de dez anos a ouvir perto da fogueira totalmente maravilhado. Não importava a história que fosse, eu sempre ficava atento a ouvir, mesmo que fosse um rapaz irrequieto. Havia amor nas palavras deles, mesmo que algumas fossem mais tristes. Muitas vezes, a minha mãe surgia para me buscar, mas eu sentia-me bem em casa dos meus avós. Eles contavam as histórias deles, jogávamos às cartas, aquecíamos com o calor da fogueira. As tardes sombrias de inverno passavam-se bem.
Não havia muita coisa na casa dos avós. Era uma casa humilde. Uma casa de campo. Havia um colchão de palha e café de cafeteira quentinho. Bebia café com leite, afinal era apenas um jovem. Tinham cobertores quentes, só um bastava para aquecer o corpo de alguém. A avó comprava açúcar para o café quente e o avô ia pescar. Eu, às vezes, ia com ele, mas não sabia bem agarrar na cana de pesca. Era forte, mas não tão forte quanto o meu avô. Nunca sabia quando os peixes agarravam a cana. O avô nunca se chateava, nem quando era mais rebelde. Ele sorria. A minha avó ainda colocava um ar sério para mim, advertindo-me, e aí eu parava.
Quando o sol se punha vinha o cheirinho do café e da fogueira, dos avós e do amor que ali havia. Nunca foi preciso tabletes de chocolate, mas ela comprava sempre que eu ia visitá-los. Eu comia com satisfação, mas não era o mais importante para mim. Eu gostava de estar perto deles. Mesmo sem essas coisas que a avó comprava continuava a ser o meu sítio preferido. A avó tinha um cabelo curto e todo branco. O avô tinha barba branca e usava sempre um chapéu quando saía de dia. Não sabia dizer com quem a minha mãe mais se parecia. Ela parecia mais autoritária do que eles. Há uns tempos, ouvi que a minha avó era uma mãe autoritária, mas não conseguia acreditar. Acho que um neto que tenha bons avós nunca acredita que eles já foram pais rigorosos.
Em tempos de pandemia havia sempre alguns dias mais difíceis. Nesses dias as recordações eram normalmente mais fortes, mas eram também essas memórias que os inspiravam a contar-me mais coisas sobre a vida deles. Eu não me importava de ouvir histórias tristes. Um dia haveria de ser velhinho tal como o meu avô, com netos a correr pela casa. Tenciono contar todas estas histórias a eles. A pandemia irá passar e tudo ia ficar bem. Pelo menos, nessa altura pretendo que a pandemia esteja terminada. Tem que terminar.
Os meus avós diziam-me que a fogueira é um espírito. É o espírito dos avós, das almas que foram. Talvez eles se sentissem mais à vontade de me contar as histórias deles ao olharem para ela. Mas isso também não impedia nada. Mesmo sem fogueira, com os dias mais quentes, eles contavam-me as histórias deles também. Ás vezes na sala, sentados no sofá. Havia união, cooperação, amizade. Eles explicavam-me que só através de laços e valores fortes iríamos conseguir ultrapassar as dificuldades, incluindo a pandemia.

***

Às vezes sentado à mesa cheirava-me a café. Sentia o calor da fogueira. Levantava-me e ia até à fogueira. Sentia os meus avós. Eles tinham falecido há sete anos. Hoje casado e a olhar para a barriga da minha mulher sentia-me feliz. Eu iria contar todas as histórias dos meus avós ao meu filho.


Espero que tenham gostado!

Eva - Microconto

Olá, Gente!
Aqui está a minha participação no Desafio do Grupo Fábrica de Histórias.

Informações do Microconto:
Título: Eva
Autor: Ricardo Fernandes
Número de palavras: 90
Baseado na música: Eva - Nightwish

Música:




Eva saiu de casa a correr. Estava apavorada, assombrada. Os pais dela discutiam, achavam-na louca, doente. Comprimidos atrás de comprimidos para a depressão deixavam-na drogada. Mas, nessa noite, ela não olhou para trás. Correu até à ponte e mandou-se dali até à água, imaginando ser uma fada. Ela não era louca só tinha perdido o irmão mais novo para o céu há um ano.
O funeral ocorreu.
– Lamento, a Eva tinha muita dor no coração. – Disse o psiquiatra dela.
Eva era esquizofrénica, diagnosticada há um ano após matar o irmão.


Gostaram?!

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Conto "Penumbra"

Olá!

Informações do Conto:
Título: Penumbra
Autor: Rui Martins
Número de palavras: 530 palavras.

Créditos: Fábrica de Histórias


Amanhece lá fora. O sol desperta sem medos. Irradia de luz e energia tudo ao seu redor. Cá dentro a penumbra. Não quero que amanheça. É só mais um dia. Um dia igual a todos os outros dias. Quando menos esperar chegará o medo. Esse medo que me enrola numa teia de aranha, que me deixa confuso, que me transforma. Sou apenas um corpo que perambula no vazio. Não quero que amanheça, pois não consigo sair à rua. E nem quero que me vejam dentro deste lugar, dentro desta cama. As marcas vincadas no corpo não me assustam, mas as razões delas podem se ouvir nas paredes brancas deste quarto. Essas vozes martelam-me a mente como uma chuva de raios que surge num inverno sombrio e frio. O medo é a minha sombra. Transformou-se na minha sombra porque já não sei o que é viver, por isso, não tenho medo. Degrau a degrau, essa sombra vai-me empurrando para o topo de uma escadaria que me levará ao inferno. Quanto mais subo, menos eu sou. Menos eu estou. Esse medo vai se fundindo em mim como brasa, e ela queima, queima como o inferno que devo ir parar em breve. Talvez mais cedo do que julgo. Ninguém me ouve falar, ninguém me ouve rosnar, há meses que não dou uma única palavra a estes homens e mulheres vestidos de branco. Parecem preocupados, mas eu não estou. Eu estou sereno, sabendo que o medo vem alcançando-me lentamente e levando-me para o purgatório devagarinho até chegar ao inferno sã e salvo. Este medo vem sobrevivendo à custa do meu silêncio. Sou cúmplice do medo. Sou cúmplice do silêncio. Cúmplice porque viro o rosto, fecho os olhos, não penso, não falo, não revelo sentimentos, estou calmo e sereno, ou pareço calmo e sereno. Às vezes, o medo não aparece. Costuma ser um visitante, mas não vem todos os dias. Com certeza tem mais coisas para fazer do que vir ver um velho caquético.
– Como está o senhor António? – Ouço do outro lado. Não respondo. Nunca respondo. Nunca respondi. Não nestes últimos meses.
– Está na mesma. O cancro está a levá-lo lentamente. Não temos muito mais o que fazer. Temos dado mais doses de morfina e tem-se aguentado.
Tossi. Era o único barulho que fazia nestes últimos meses.
Algumas vezes fantasio. Fantasio que o medo não está cá e que do outro lado há um mundo bonito. Mas na terra não fui um bom homem. Não fui um bom pai. Mandei para fora de casa a minha filha que me apareceu aos treze anos grávida. Ela teve que ir para casa de uma vizinha e depois decidiu ir para casa de uma irmã da minha mulher. Acabei por ficar viúvo há dez anos e hoje tenho isto... Este cancro a correr-me por dentro.
Escurece lá fora... A penumbra chega até mim. Hoje... neste momento, eu quero que amanheça. Hoje olhei para o medo. Sorri.
– Estamos a perdê-lo. – Ouvi um homem falar.
Não quero ser mais um estorvo, não quero ficar aqui perdido no meio da estrada. Já vejo o fim dela ao longe. Caminho a passos curtos, mas rápidos. Cheguei ao destino.
Estou na penumbra.


Microconto "Estrela"

Olá!

Informações do Microconto:
Título: Estrela
Autor: Rui Martins.
Número de palavras: 38 palavras.
Baseado na música: Space Bound - Eminem

Música:




Luís deu um tiro na cabeça, após anos de violência psicológica. Morreu sim, mas era uma morte boa porque a recebia dela. Virou uma estrela para puder guiar a amada durante todo o caminho que ela quisesse percorrer.

domingo, 5 de julho de 2020

Desafios Literários Conto e Microconto

Boa tarde!
A Diana é moderadora do grupo Fábrica de Histórias e temos dois desafios novos.



1) Um microconto songfic = pensando que temos o dia do rock a meio do mês, devemos escrever um microconto de até 500 palavras baseado em qualquer música que a gente goste, de qualquer estilo.
Não é para colocar o trecho de música no meio da história em separado. O trecho pode aparecer como epígrafe, mas devemos nos basear na letra para escrever a nossa história.



2) Um conto com protagonista idoso = podemos fazer um conto de 500 a 6.000 mil palavras sobre personagens que já estejam na terceira idade, relembrando que os dia dos avós é no fim do mês.


Regras:
1) Você pode participar dos dois desafios com quantas histórias quiser, mas só será premiado(a) com uma.
2) Respeite o tema e o limite de cada proposta;
3) Respeite as regras da plataforma em que postar sua(s) história(s); aceitarão histórias publicadas em todos os sites, incluindo blogs e sites pessoais.
4) Prazo de inscrições: 04 de Julho a 31 de Julho de 2020.
5) A história pode estar dividida em capítulos (no caso dos contos) desde que não ultrapasse o limite máximo e esteja marcada como concluída no dia 31.
6) A moderação do grupo pode participar, mas apenas para incentivar a comunidade. Nenhum admin ou moderador será premiado.

Premiação:
Selos de primeiro, segundo e terceiro lugares para cada proposta e divulgação especial no grupo e na página.


A página do grupo: Página Fábrica de Histórias

OBS: Pelo menos duas pessoas aqui da equipe vai participar e deixar a sua participação!