sábado, 23 de novembro de 2013

O caso Parker-Hulme

O caso Parker-Hulme foi um assassinato ocorrido em Christchurch, Nova Zelândia, em 1954. O caso teve notoriedade quando uma mulher foi assassinada pela sua filha mais velha e a sua melhor amiga. O assassinato deu origem ao filme de 1994, “Almas Gémeas”, que foi o filme que colocou Kate Winslet no cinema.


Juliet Hulme, de 15 anos, conheceu, na Nova Zelândia, uma colega de escola, Pauline Parker, de 16 anos. Ambas tornaram-se amigas e sonhavam com uma vida juntas, cheia de fantasia, actores famosos (como James Mason e Orson Welles). Também se soube que tiveram uma espécie de relação lésbica.

Com o passar dos tempos, a intensa relação de amizade que surgiu entre elas vai chegando aos limites do amor obsessivo. Juliet não era nada sem a sua Pauline, e Pauline não poderia viver sem a sua Juliet. Passam os Verões juntas, os Invernos e todas as horas do dia uma com a outra. Descobriram que tinham uma imaginação incrível e a utilizaram para criar milhares de histórias.O que elas não sabiam, era que aquela maravilhosa história de amor, acabaria da pior maneira possível. Pauline escrevia um diário, onde expressou todos os seus sonhos e a sua rotina diária. Ali haviam histórias, inclusive, de relações sexuais entre ela e Juliet. Ela contava absolutamente tudo ao seu diário, e isso foi o que a delatou. Nos anos 50, na Nova Zelândia e na maioria dos países, a homossexualidade era considerada uma doença mental. Pauline foi diagnosticada de “lesbianismo” pelo médico Kenneth Stallworthy, que procurou a mãe de Juliet. Henry Hulme estava muito preocupado com a relação das duas meninas, porque não via como natural, ou normal. A culpa, é claro, foi colocada em Pauline. Pouco depois, a ameaça de serem separadas para sempre assombrava as meninas, que decidem ir juntas para os Estados Unidos, vender as obras de teatro que escreveram juntas. Contudo, por causa da instabilidade do casamento dos Hulme, a separação torna-se evidente e Juliet vê-se obrigada a ir à África com a sua tia. Pauline decide ir com ela, mas o plano é frustrado quando a sua mãe se recusa a permitir que a filha viaje com a amiga. Nesse momento, Pauline percebe que o único obstáculo entre ela e Juliet é Honora Parker, a sua mãe.
E decide matá-la!
No dia 22 de Junho de 1954, Honora foi encontrada perto do Parque Victoria, com o crânio destroçado por golpes.
As autoridades encontraram o cadáver e pouco depois, Pauline Parker e Juliet Hulme foram indicadas como as autoras do crime. A prova: os diários de Pauline. Ela havia planeado tudo. Sabiam o que tinham que fazer e como iam fazer. Juliet ajudaria-a em tudo.
Em 22 de junho de 1954, as meninas conduziram Honora Parker a um passeio, a pé, pelo parque Victoria, na cidade de Christchurch, onde moravam até então. Num lugar solitário do parque, Juliet mandou uma pedra de ornamento no chão, fazendo com que a Sra. Parker se agachasse para pegá-la. Nesse momento, Pauline havia planeado golpear a sua mãe com metade de um tijolo envolto numa meia. As meninas achavam que isso seria o suficiente para matá-la, entretanto, foram necessários 45 golpes de ambas para finalmente matar Honora Parker. A brutalidade do crime contribuiu para a sua notoriedade.
Pauline e Juliet foram levadas a juízo em Christchurch em 1954, e foram declaradas culpadas em 29 de Agosto do mesmo ano. Como eram muito jovens para ser submetidas à pena de morte segundo a lei neozelandesa daquela época, foram sentenciadas e condenadas a permanecer presas na graça de Sua Majestade. Na prática, essa sentença significava que permaneceriam presas a critério do Ministro da Justiça. Foram libertadas, separadamente, uns 5 anos depois. Uma das condições para a sua libertação foi que jamais voltariam a ver-se ou a comunicar-se.
Juliet Hulme logo após a libertação, mudou o seu nome para “Anne Perry”, usando o sobrenome/apelido do seu padrasto. Voltou para a Inglaterra, para morar com a sua mãe, no povoado escocês de Portmahomack. Tornou-se uma famosa escritora de livros sobre assassinatos, histórias de detectives e mistérios. Nunca se casou, nem teve filhos.
Pauline Parker, também após ser libertada, mudou o seu nome. Iria chamar-se “Hilary Nathan”. Depois de passar um tempo a viver na Nova Zelândia, ante a vigilância das autoridades, mudou-se para a Inglaterra. Ingressou num convento católico e converteu-se. Actualmente, também reside na Inglaterra, nas ilhas Órcades. Não se casou, nem teve filhos. Negou-se a falar com a imprensa sobre o assassinato de sua mãe, e apenas disse ter remorso e estar arrependida.
Acredita-se que nenhuma delas jamais voltou a encontrar-se.

Ricardo.

Sem comentários:

Enviar um comentário